A milenar araucária (Araucaria angustifolia), espécie florestal nativa brasileira e fonte histórica de madeira de qualidade e de pinhões para a alimentação, irá receber um novo aporte de ações que visam reforçar sua importância para a sociedade
Texto – Manuela Bergamim da Embrapa Florestas
Adaptação: Marluce Corrêa Ribeiro
Foto: Kátia Pichelli
No último dia 24, em que se comemora a Araucária (Araucaria angustifolia), a Embrapa Florestas lançou a “Iniciativa Araucária”, uma série de ações envolvendo pesquisa, comunicação, transferência de tecnologia e articulação entre instituições. A Iniciativa tem como objetivo promover o plantio desta importante espécie, além de divulgar as bases científicas que fundamentam a utilidade e a importância da Araucaria angustifolia.
A Embrapa Florestas atua, entre outras atividades, na pesquisa da araucária há mais de 40 anos, e neste período têm sido desenvolvidas diversas possibilidades para seu uso e propagação. “Há um clamor social e político para que se plante araucárias, por isso atuamos para garantir a conservação dessa espécie icônica ligada a nossos processos de desenvolvimento, alimentação e cultura. Nossa experiência de 40 anos de pesquisa nos dá a certeza de que há alternativas econômicas para se gerar renda com o plantio de algumas espécies nativas na área da Floresta com Araucária”, afirma Erich Schaitza, chefe geral da Embrapa Florestas.
Com o projeto Iniciativa Araucária, a Embrapa propõe atuar em quatro frentes. A primeira delas consiste em alinhar as atividades de pesquisa científica às demandas do setor produtivo, formado por pequenos agricultores, reflorestadores e indústrias. Essa ação implica estabelecer um diálogo constante entre produtores e pesquisadores. “Na verdade, esse diálogo já ocorre, mas há espaço para trabalhos com novos públicos e novas áreas”, esclarece Schaitza.
Comunicação direta
Outro pilar do projeto será a comunicação, que buscará levar o conhecimento científico gerado ao setor produtivo e à sociedade. Para isso, serão abertas várias plataformas e canais de comunicação para os interessados em participar. Para isso, serão utilizados como base os mais de 300 trabalhos científicos sobre a Araucária e as oportunidades decorrentes de seu plantio.
O terceiro vetor da Iniciativa Araucária será a transferência de tecnologia, visando colocar em prática todo o conhecimento gerado. “Vamos segmentar o público para tecnologias de plantio de Araucária e estabelecer um calendário de eventos, treinamentos e demonstrações sobre técnicas de plantio, conservação e uso do pinheiro-do- paraná, como também é conhecida a araucária. Vamos usar nossas áreas da Embrapa Florestas, localizadas em Colombo (PR), Caçador (SC) e Ponta Grossa (PR) como fontes de difusão de conhecimento”, afirma Schaitza.
Conservação e geração de renda
Além da importância da conservação da espécie, há outros grandes processos que justificam a adoção da Iniciativa Araucária, visando beneficiar o setor produtivo e sociedade.
O Serviço Florestal Brasileiro publicou recentemente o Inventário Florestal Nacional para os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que apresenta informações oficiais organizadas e consistentes sobre as florestas de Araucária em grande parte de sua abrangência. Esses resultados são complementados por levantamentos de uso da terra atuais desenvolvidos pelos governos estaduais, proporcionando mapas e informações qualitativas sobre as florestas.
Outro aspecto que justifica a ações de promoção do plantio da araucária se baseia na implementação da recente legislação florestal. A implementação do Código Florestal Brasileiro através do Cadastro Ambiental Rural e dos Programas de Recuperação Ambiental das propriedades rurais (PRA) levará centenas de milhares de produtores a recuperarem áreas de preservação permanente e reservas legais com o plantio de árvores nativas. “Na área da Floresta Ombrófila Mista, serão dezenas de milhares de produtores que procurarão plantar a araucária e outras espécies como erva-mate e bracatinga, com um olho em conservação e outro na obtenção de renda. E precisam de conhecimento para isso”, garante Schaitza.
Articulação institucional
E para alinhavar as ações propostas, a Embrapa Florestas também irá fomentar a articulação entre as principais instituições que já vêm atuando em prol da araucária. “Plantar araucária não depende só da Embrapa e de seus trabalhos de pesquisa. Há muitas instituições e organizações da sociedade que podem se juntar à iniciativa e articular suas ações junto às nossas. Na área pública federal vemos Ibama, ICMBio, Serviço Florestal Brasileiro e os Ministérios da Agricultura, Meio Ambiente, Educação e Ciência e Tecnologia; nos Estados, as Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente, instituições de pesquisa, assistência técnica e extensão e órgãos ambientais; e as prefeituras como parceiros naturais. Na área privada, as associações de produtores e organizações não governamentais também são importantes parceiros”, explica o chefe geral da Embrapa Florestas.
Parcerias pela araucária
Um dos pilares da Iniciativa Araucária será buscar construir junto ao setor produtivo um movimento pelo plantio da araucária. “Vamos conversar com a sociedade, convidar parceiros, mostrar oportunidades, mobilizar instituições públicas para trabalharem conosco. Vale dizer que não esperamos coordenar nenhum esforço além do nosso. O que queremos é gerar uma corrente que facilite a ação de outras forças na mesma direção da nossa. Temos plena certeza de que a pesquisa não gera avanços sozinha. Ela precisa que outros agentes públicos e privados, especialmente o setor produtivo, façam o processo do desenvolvimento sustentável rodar. Aí sim, a pesquisa se torna essencial para dar suporte ao processo, com bases sólidas e sustentáveis”, finaliza.
Quer conhecer mais? Acesse: www.embrapa.br/florestas
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Assista ao primeiro Webinar realizado pela Iniciativa Araucária: https://youtu.be/XFEBc7g7x6g
Texto: Manuela Bergamim (MTb 1951-ES)
Embrapa Florestas