A relação interpessoal é a base para um trabalho em equipe bem sucedido. E esse sucesso começa com o respeito às características particulares de cada profissional
Texto: Marluce Corrêa Ribeiro – Jornalista e redatora do Portal Agromulher
Não é difícil ouvir por aí depoimentos de profissionais que tiveram ou têm dificuldade de se relacionar dentro do seu ambiente de trabalho por inúmeros motivos. Casos de pessoas que não souberam lidar com a relação de líder e liderado. Homens que não aceitaram ser liderados por mulheres. Mulheres que tiveram dificuldade em liderar. São inúmeras as situações em que há preconceito, resistência e até insegurança e competitividade mesquinha entre profissionais (homens e mulheres) quando precisam trabalhar em equipe e se relacionar profissionalmente. Uns se sentem ameaçados por outros, e isso gera atritos dentro da equipe e prejudica de forma intensa a produtividade do grupo.
Mas dentro deste cenário, muitos também são exemplos de homens e mulheres que se relacionam de forma exemplar dentro do mercado de trabalho do agro, fazendo com que todos saiam ganhando com essa relação saudável, de companheirismo, parceria e metas em comum.
Fato é que a mulher precisa estar preparada para o campo e o campo precisa estar preparado para receber a mulher. Isso é integração. Integrar pessoas é acolher. É fazer a pessoa se sentir parte do negócio. É preciso que tudo comece pelo respeito e pela comunicação entre homens e mulheres. É necessário saber lidar e permitir que cada um demonstre suas habilidades e mostre a que veio. Quando essa integração é bem consolidada, todo mundo tem a ganhar. A mulher fica feliz porque ela está sendo bem acolhida naquele local, porque as pessoas a respeitam e porque ela consegue desenvolver tudo que ela sabe e aprender coisas novas com as outras pessoas. Os homens também saem ganhando porque vão ter ali uma pessoa com as habilidades diferentes das dele, com um olhar diferenciado. Todo mundo tende a ganhar. A fazenda também ganha porque vai aumentar a produtividade. Quando as pessoas estão bem no local de trabalho e são adaptadas onde elas estão, elas trabalham melhor e com mais afinco, elas “vestem a camisa” e a empresa/fazenda sai ganhando. Então, fazer essa integração e eliminar essa competitividade mesquinha e esse preconceito – que existem sim – é permitir que cada um mostre o seu melhor e fazer com que cada profissional trabalhe da sua maneira.
No ambiente corporativo
Tanto em campo quanto no ambiente corporativo, a integração entre profissionais, homens e mulheres, é de extrema importância para que os objetivos sejam alinhados e as metas sejam atingidas por meio da junção de habilidades tipicamente femininas e masculinas. No departamento de compras da Roos, há dois profissionais que são exemplo de trabalho em equipe e que lidam bem com as diferenças e com seus pontos fortes que somados se tornam ainda melhores.
A assistente de compras, Daiane Biazzi, possui uma relação de respeito e parceria com seu gestor de compras, Sandriel Gerardello. Daiane destaca que “no ambiente corporativo, a interação entre as pessoas e equipes, constitui fator de grande importância para um alinhamento eficaz com as estratégias da empresa. Atualmente, cada vez mais a mulher conquista seu espaço no ambiente de trabalho e se faz presente nos mais diversos setores das empresas. Uma boa integração entre homens e mulheres nas equipes torna o ambiente de trabalho muito mais agradável e produtivo, aliando as características marcantes femininas e masculinas para o sucesso do setor”, pontua ela.

Sandriel também tem um posicionamento semelhante quando aponta que “o respeito, o companheirismo, a resiliência e a ética são princípios que devem ser empregados dentro das organizações para um bom relacionamento entre ambos gêneros e são determinantes para a excelência da atividade diária”.
Tanto Sandriel, quanto Daiane, comentam que em sua relação profissional de 3 anos, nunca tiveram atritos e nem dificuldade de trabalhar em equipe por conta da diferença de gênero. Segundo eles, o respeito e a transparência sempre fizeram parte do relacionamento profissional e faz com que tudo caminhe bem. Para Daiane, “essa boa relação ocorre devido ao fato de não haver diferenciação ou preconceito quanto à capacidade de execução das atividades diárias do setor”.
No campo
Assim como no ambiente corporativo, no campo, a integração entre homens e mulheres é a base de uma equipe consistente e produtiva. Uma fazenda que se prepara para acolher as mulheres de forma que ela se sinta parte da equipe, respeitada e valorizada, tende a sair ganhando com a produtividade do grupo. Da mesma forma, a mulher que se prepara para atuar em campo, supera as expectativas, mostra suas habilidades e capacidade, tendo como resultado a conquista do seu espaço. E é nesse espaço que o acolhimento e a boa relação entre homens e mulheres faz toda a diferença.
Um grande exemplo de boa relação entre homens e mulheres na parte técnica do agro, é a gerente de filial da Roos, Juliana Isabel Schmidt, e o consultor comercial da Roos, Djoni Schuster.
Juliana destaca que “é muito importante a integração entre o homem e a mulher para conseguir um ambiente de trabalho produtivo. Somando as forças e aprendendo um com o outro conquistamos resultados e temos um crescimento pessoal e profissional cada vez melhor”, comenta.
Sobre essa relação, Djoni comenta que a “integração profissional entre homens e mulheres no ambiente de trabalho é muito importante, pois o trabalho em equipe exige isso. Além disso, ambos necessitam trabalhar em conjunto para o bem maior da equipe, com uma relação de confiança entre ambas as partes, conquistando um trabalho em equipe de qualidade e confiabilidade, gerando os resultados necessários a empresa”.
Tanto Juliana, quanto Djoni, também relatam que nunca tiveram atrito pela diferença de gênero. Inclusive, Juliana aponta que mesmo antes dela ser gerente eles tinham uma boa relação como colegas de trabalho, onde sempre tiveram uma boa comunicação para um melhor resultado nas tarefas executadas. “Quando me tornei gerente recebi um apoio enorme do Djoni, tanto para assumir a nova função como para me ensinar os novos passos nessa área, tendo muita paciência para me ajudar”, relata ela.
Muitas vezes, quando as mulheres ocupam cargos de liderança no agro, alguns de seus liderados, de forma preconceituosa, podem se sentir incomodados e não dar credibilidade para o trabalho daquela profissional, pelo simples fato de ser mulher. Quanto a isso, Djoni relata que nunca se sentiu incomodado por ser liderado por uma mulher. “Sempre confiei na Juliana, ela sempre foi uma profissional exemplar e tínhamos uma relação muito boa antes de ela virar gerente, sempre foi uma relação amigável e cordial”, finaliza.
Habilidades complementares
Características, atributos e habilidades especificamente mais comuns no homem ou na mulher, podem e devem se complementar para somar forças em prol de um trabalho de qualidade. Capacidades distintas que combinadas fazem o trabalho em equipe dar um salto de produtividade. E os profissionais que estão dentro do mercado e vivem essa realidade de união de habilidades, destacam como essas soft skills podem ser complementares.
Daiane salienta que as “mulheres são profissionais multitarefas, se adaptam melhor a pressão do dia-a-dia, além da sensibilidade que faz com que esteja mais atenta a detalhes. Já os homens conseguem manter o foco no objetivo em suas decisões, sem deixar a intuição e sensibilidade interferirem”.
Juliana destaca que o principal “ponto forte masculino seria a resistência e o ponto feminino seria a delicadeza existente nas mulheres. Juntando esses dois pontos consegue-se um equilíbrio na hora de realizar atividades no cotidiano”.
Para Djoni, “o pontos fortes masculinos, seriam a persistência e a proatividade, e os femininos seriam o fato de ser detalhista e de fazer tudo da melhor forma possível, gerando assim uma sincronia que se complementam uns aos outros”.
Já para Sandriel, independente do gênero, a “liderança, a capacidade de decisão, a transparência, o foco e a disciplina são fatores que agregam no resultado final”.
Desafios na relação profissional
Independente da área de atuação dentro do mercado de trabalho do agro, os desafios dentro das relações profissionais existem e devem ser enfrentados com o diálogo, respeito e maturidade. Sob o ponto de vista de cada profissional, os desafios são diversos. Daiane salienta que o principal desafio é justamente “a diferença entre a personalidade feminina e masculina. A mulher por ser mais sensível, tende a levar muito mais as decisões para um lado mais humanizado ou pessoal, enquanto o homem leva as decisões para um lado mais racional”.
Sandriel pontua que hoje a cultura da igualdade de gênero já está implementada dentro da empresa onde atua. “Contudo, acredito que ainda encontramos preconceito em organizações principalmente no momento de atribuir atividades, funções e até mesmo na contratação de um profissional do sexo feminino para atividades que sempre foram exercidas pelo sexo masculino”, exemplifica.
Para Juliana, “o principal desafio é aprender a conviver com as diferenças existentes nas formas de pensar e agir, mas é muito gratificante quando conseguimos aprender com essas diferenças nos tornando pessoas melhores”.
Já para Djoni, o principal desafio dentro da relação de gêneros como líderes e liderados “é se conhecer melhor, conhecer a si mesmo e ver o que temos que melhorar e o que temos que continuar a fazer. Essa atitude de olhar para si é muito difícil mas necessária para desempenharmos o melhor no nosso ambiente de trabalho”.
A integração entre homens e mulheres no agro só tende a agregar valor ao trabalho em equipe, facilitar as atividades, melhorar o ambiente de trabalho e gerar motivação e empenho de toda a equipe que precisa se relacionar bem para gerar resultados. EMPATIA é a palavra.
E aí? Gostou de conhecer a história desses homens e mulheres que vivem a integração dentro do agronegócio? Acompanhe a campanha “De mulher para mulher” e conheça mais histórias inspiradoras das agro mulheres em diversos âmbitos da vida pessoal e profissional.
1 comentário
Pingback: Mulheres do agro querem participação mais ativa nos negócios: dados das mulheres da gestão, desafios e oportunidades