Com o preço da arroba do boi “nas alturas” alcançando recordes históricos, a pecuária de corte tem chamado a atenção no mercado agro e o conceito de Boi 777 pode ficar mais evidente. Mas, afinal, o que é isso?
O método do Boi 777 tem como meta a produção de um animal com sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete na engorda. Além disso, proporciona a redução da idade de abate e aumento do peso de carcaça dos animais.
O sistema Boi 777 foi desenvolvido por especialistas da Agência de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) de São Paulo e tem revolucionado a pecuária de corte brasileira.
Em uma realidade onde o sistema tradicional de produção apresenta média de abate de bois com 18 arrobas aos 36 meses, o Boi 777 é um sistema que possibilita o aumento da produtividade, ou seja, produzir mais e melhor em menor tempo. A cada dois ciclos do sistema tradicional, pode ocorrer três ciclos do Boi 777.
O número de pecuaristas adeptos do Boi 777 é cada vez maior, principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Rondônia e Pará.
Etapas da produção do Boi 777
Com uma idade média de abate de 24 meses, busca-se o acréscimo de 7 arrobas em cada uma das fases do animal: cria, recria e terminação.
Fase de cria: para que o animal seja desmamado com 7 arrobas (210 kg) aos 7-8 meses de idade, o princípio é uma boa genética associada ao manejo reprodutivo de qualidade, somado à sanidade e nutrição adequada das matrizes.
Fase de recria: é o período mais longo do ciclo da pecuária. Tradicionalmente, dura cerca de 24 meses. Com o sistema do Boi 777, o ciclo se torna mais rápido, reduzindo esse tempo para cerca de 10 a 12 meses. Essa rapidez proporcionada a essa fase, aumenta a rotatividade e liberação da área para novos animais.
Nesta fase, a maior dificuldade diz respeito a nutrição e suplementação alimentar desses animais. Em sistemas a pasto, é preciso corrigir a sazonalidade da produção forrageira e potencializar o desempenho dos animais. Para cada fase é preciso adotar uma estratégia personalizada e adequada para a suplementação do animal.
Fase de terminação: nesta fase, o objetivo é o acabamento de carcaça e a obtenção de boa deposição de gordura, além da diminuição no tempo de abate.
Vantagens do sistema
Como resultado da aplicação desse método, tem-se uma pecuária mais sustentável, eficiente, produtiva e rentável. Há um ganho econômico devido à redução dos custos e à melhor qualidade da carne e da carcaça — conferindo um ganho para consumidor também. Além disso, o Boi 777 tem potencial para aumentar em até 30% a lucratividade do negócio. O aumento da produtividade torna, portanto, a atividade mais competitiva e mais lucrativa.
Gestão e planejamento
Para adoção do sistema e para atingir a meta do boi 777 e ganhar dinheiro com a produção, é necessário fazer conta. Gestão é a palavra. É preciso que o produtor faça um diagnóstico da sua propriedade e, a partir daí, estabeleça metas na atividade e execute um planejamento para alcançá-las. Isso envolve uma análise sistêmica da produção, conhecendo todos os custos e sabendo, principalmente, por quanto a arroba será vendida para o frigorífico.
Muito além do fato de predizer quanto o animal deve ganhar de peso em cada fase, o conceito de Boi 777 chega para mostrar ao produtor que a gestão, o planejamento e a análise de mercado são extremamente importantes para a tomada de decisão. Além disso, surge a real possibilidade do alcance de uma atividade mais eficiente e rentável, gerando liquidez e lucratividade ao produtor.
Fotos: Daniel Teodoro
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