Segundo cálculos do Ministério da Agricultura, caso 90% da área agrícola fosse conectada, o impacto positivo no PIB do agro poderia chegar a 10%
Texto original: Agência FPA
Adaptação: Marluce Corrêa
Estudo preparado pelo Ministério da Agricultura avaliou a real demanda sobre conectividade em todo o Brasil. A pesquisa feita com o objetivo de subsidiar políticas públicas para ampliar o acesso à internet no país foi apresentada no fim do mês passado, em café da manhã com senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
O diretor de Inovação do Ministério, Luiz França, informou aos parlamentares que o governo vai priorizar a agropecuária pela importância na economia e por desenvolver a atividade em áreas mais distantes, onde o déficit da conectividade é maior.
“Hoje, temos seis mil torres no Brasil. O investimento necessário para atingir 90% de todo o país seria de R$ 6 a 8 bilhões. O ganho seria de 10% no PIB do agro brasileiro”. Luiz França explicou ainda que o cenário ideal seria uma torre com sinal de internet a cada 30 km. “Toda a área agricultável estaria conectada, assim como todas as estradas brasileiras. Isso eliminaria riscos de assaltos, acidentes”, esclareceu.
Luz no campo
Outro ponto do estudo indica que o governo quer iluminar mais de 90% da área agricultável no país. “Estaríamos iluminando 107 milhões de hectares no Brasil”, pondera. O representante do Ministério da Agricultura adiantou que a intenção é apresentar, nas próximas semanas, um relatório com o resultado final da pesquisa.
A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), coordenadora institucional da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), pontuou que o maior desafio do setor do agronegócio é a falta de comunicação. “Como o agronegócio é força motriz da nossa economia é de extrema necessidade essa conectividade para que a gente consiga ter mais competitividade no mercado”, afirmou.
Já o presidente da FPA, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), fez um alerta aos colegas parlamentares de que a conectividade precisa chegar aos municípios de todo o país. “A conectividade impulsiona a atividade no campo. É tão importante quanto a terra, a água e o clima”.
Projetos
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) destacou a importância do PLC 79/2016, que cria o novo modelo de telecomunicações no país. O projeto, que foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, traz algumas mudanças, como a permissão para que as concessionárias de telefonia fixa migrem para o regime de autorização, sistema que vai permitir novos investimentos em banda larga. “É fundamental a migração de concessão para autorização, o que vai aumentar o acesso à internet tanto em áreas urbanas como nas rurais mais distantes”, salientou.
Outra proposta que pode mudar a realidade do acesso à internet no Brasil é o PL 4.061/2019, que pode beneficiar cinco milhões de produtores rurais. A proposta vai permitir que os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), pouco mais de R$ 20 bilhões, sejam utilizados para financiar, de forma geral, políticas governamentais de telecomunicações, ampliando o acesso à internet entre todas as famílias brasileiras, principalmente as de baixa renda e no campo.
Hoje, este recurso está vinculado apenas ao serviço de telefonia fixa, sistema cada vez menos usado pelos brasileiros. “É o projeto que vai colocar a democratização no campo e o Brasil no cenário internacional”, defendeu o relator da matéria deputado Zé Silva (SD-MG), que é coordenador de comunicação da FPA. Ele acredita que ainda este ano a Câmara deve aprovar a proposta.
Alceu Moreira acrescenta que a produtividade no campo pode aumentar com a chegada de novas tecnologias. A internet também pode estimular a abertura e funcionamento de novas empresas, como startups do agro, e conectar estudantes, professores, pesquisadores de agronomia, zootecnia veterinária com o resto do mundo, com objetivo de desenvolver novos projetos em assistência técnica e extensão rural.
Texto original: Agência FPA
Adaptação: Marluce Corrêa