“As mulheres do agro nunca foram tão vistas, lembradas e referenciadas como nos dias de hoje e elas estão cada vez mais aparecendo e mostrando o seu valor no mercado do agronegócio, sendo promovidas e acessadas por empresas e cooperativas do agronegócio. É muito importante conhecer mais sobre as mulheres do agro, como sua participação, atuação e desafios. Homens e mulheres juntos, atuando em um ambiente de integração e equidade de gênero, serão extremamente importantes para promover o crescimento e sustentabilidade do agronegócio, pois somam suas habilidades e fortalezas intrínsecas a cada gênero.”
Quando o Portal Agromulher começou a capacitar e a promover as mulheres do agro, em maio 2017, pouco se falava sobre elas e justamente no mesmo ano aconteceu a segunda edição do Congresso Nacional das Mulheres, o maio congresso de mulheres da América Latina.
Sabe-se que a participação de mulheres na administração de propriedades rurais no Brasil passou de 10%, em 2013, para 30% em 2017, segundo Censo Rural IBGE, e como o agronegócio representa em média 24% do PIB no Brasil (CNA 2018), pode-se inferir que as mulheres são responsáveis pela gestão de pelo menos 8% do PIB nacional, algo em torno de US$165 bilhões.
As mulheres do agro não estão apenas no campo. Sabe-se que o mercado do agronegócio no Brasil emprega cerca de 19 milhões de profissionais (CEPEA 2017), e boa parte deles é composto por mulheres que ocupam posições nas áreas de marketing, comercial e gestão, contribuindo muito para o crescimento e acessibilidade das empresas no mercado.
Eu classifico as MULHERES DO AGRO como:
*Mulheres do campo: produtoras, gestoras, esposas, sucessoras, filhas e netas;
*Profissionais, como: engenheiras agrônomas, veterinárias, zootecnistas, técnicas agrícolas;
*Empreendedoras: consultoras, sócias proprietárias e executivas;
*Estudantes e acadêmicas.
As mulheres do agro representam 40% de participação no agronegócio de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada entre 2002 e 2015, e atualmente eu acredito que já estamos perto dos 50%.
Pensando em um cenário de intensa transformação tecnológica, eu identifiquei um TRIPÉ TECNOLÓGICO: FORMAÇÃO, SOCIALIZAÇÃO E CONECTIVIDADE.
“Formação no sentido de capacitação, socialização no sentido de conectar pessoas com os mesmos interesses, e conectividade no sentido de gerar negócios.”
Vivemos em momento de muitas TECNOLOGIAS, às vezes não temos acesso, mas já existem. Estamos o tempo todo conectados nas REDES SOCIAIS, perdemos um dedo, mas não perdemos o celular. E fazendo intenso NETWORKING, pois estamos nos dedicando intensamente à nossa carreira.
“Neste TRIPÉ, eu identifico as mulheres com forte influência na transformação digital do agronegócio, pois elas possuem fortalezas intrínsecas ao gênero que as colocam em posição de destaque.”
Fortalezas das Mulheres que as colocam em posição de destaque e influência na transformação digital do agro:
*As mulheres são comunicativas, antenadas, compartilham informações, elas estão conectadas.
* Elas formam grupos e criam redes com mesmo perfil e interesses, o que fortalece ideias e opiniões;
* Possuem um perfil de gestão que é ancestral. Na época da caça, o homem tinha a obrigação de trazer comida e a mulher cuidava dos filhos, casa, roupa, comida e marido.
* São mães, logo são um forte incentivo para a sucessão familiar dos negócios. São as filhas que estão ensinando os pais a usarem o WhatsApp e redes sociais, e são as produtoras e gestoras rurais que estão trazendo informações sobre plataformas de gestão e tecnologias no campo.
* Mulher é mais sensível e empática. A fisiologia do cérebro da mulher evidencia um lado emocional mais aparente que contribui para uma melhor integração entre homens e mulheres, favorecendo a equidade de gênero.
E por que se preocupar com a gestão e liderança de mulheres no agro já que elas possuem fortalezas e a grande maioria já é capacitada? De acordo com a pesquisa da ABAG, 60% das mulheres possuem superior completo, 36% gostam da vida no campo, 34% estão no agro porque membros da família já atuavam. Porém, 59% relatam problemas de liderança por serem mulheres.
Mesmo sendo capacitadas, fortes, decididas, determinadas, as mulheres sofrem por falta de autoconhecimento e autoconfiança que é reflexo de baixa autoestima, e medo que gera ansiedade e insegurança.
É de extrema importância que gestores e profissionais do agronegócio busquem se capacitar para se tornarem LÍDERES. Desenvolvendo habilidades de comunicação, inteligência emocional, empatia, cultivar relações interpessoais saudáveis, e por fim, inspirarem e motivarem.
Em minhas palestras realizadas para as mulheres do agro, eu enfatizo a importância do desenvolvimento pessoal, pois já somos capazes e preparadas para atuar no mercado ou no campo. Mas em muitos momentos não somos valorizadas e reconhecidas, sendo mais cobradas, com menos acesso às oportunidades.
Focar em autoconhecimento, autoestima, planejamento de vida, marketing pessoal, networking, e inteligência emocional, irá proporcionar mais autoconfiança, auto liderança, motivação, foco, resiliência, produtividade, e mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O agronegócio sempre foi um setor predominantemente masculino e a participação das mulheres aumenta cada vez mais. O investimento em capacitação nas áreas de gestão e liderança são extremamente importantes para que os profissionais deste setor, homens e mulheres, estejam preparados para gerir e liderar mulheres.
Homens e mulheres juntos, atuando em um ambiente de integração e equidade de gênero, serão extremamente importantes para promover o crescimento e sustentabilidade do agronegócio, pois somam suas habilidades e fortalezas intrínsecas a cada gênero.