A lista, elaborada anualmente pela consultoria britânica Clarivate Analytics, selecionou 6.216 pesquisadores em diversos países. Desse total, 15 são brasileiros sendo que desses, quatro são mulheres, sendo duas da Embrapa, uma da Universidade de São Paulo (USP) e uma da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Texto: Vânia Ferreira – Notícias gerais e Canal Rural
Adaptação: Marluce Corrêa Ribeiro
Henriette Azeredo e Renata Valeriano Tonon, pesquisadoras da Embrapa, figuram a lista de cientistas mais influentes do mundo em suas respectivas áreas de conhecimento.
A lista, elaborada anualmente pela consultoria britânica Clarivate Analytics, é feita a partir de uma análise da quantidade de citações de artigos publicados ao longo de uma década, utilizando a plataforma Web of Science. As selecionadas para a lista pertencem ao grupo de 1% de pesquisadores que mantiveram as mais altas médias de citações durante os últimos dez anos.
Neste ano, ao todo, foram selecionados 6.216 pesquisadores em diversos países. Desse total, 15 são brasileiros que trabalham com ciência e tecnologia em instituições públicas. Dos 15 brasileiros, quatro são mulheres, sendo duas da Embrapa, uma da Universidade de São Paulo (USP) e uma da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“É muito gratificante estar entre as quatro mulheres brasileiras presentes na lista da Clarivate Analytics. Mais gratificante ainda é ver o crescimento e o reconhecimento do trabalho da mulher no campo da ciência, especialmente em um país tradicionalmente machista como o nosso. Interessante também ver que três das pesquisadoras citadas atuam em linhas de pesquisa voltadas à ciência e tecnologia de alimentos, uma área relevante e estratégica para o Brasil”, enfatizou Renata Tonon.
Henriette complementa dizendo que trabalhar arduamente tem suas compensações, sendo uma delas o reconhecimento. “Vejo o fato de sermos quatro mulheres em um grupo de 15 brasileiros mais como uma conquista que como uma derrota. Até poucas décadas atrás, a maioria das mulheres não tinha nenhum estímulo para se interessar por ciência. Até as brincadeiras das meninas eram passivas, enquanto as dos meninos eram baseadas em criatividade. Em poucas décadas, o quadro mudou bastante, mas ainda há muito para mudar”, pontua.
Pesquisas com açaí e filmes comestíveis
Os artigos mais citados de Renata Tonon são relativos ao doutorado e pós-doutorado, quando trabalhou na obtenção de uma polpa de açaí em pó rica em compostos antioxidantes e na microencapsulação dos óleos de linhaça e de café torrado. Os trabalhos foram publicados entre 2009 e 2012.
Já Henriette Azeredo coordena projetos de pesquisa focados no desenvolvimento de filmes e revestimentos biodegradáveis e comestíveis e no uso de nanoestruturas em materiais de embalagem. Atua principalmente nos seguintes temas: filmes comestíveis e biodegradáveis, nanotecnologia aplicada a embalagens de alimentos, uso de subprodutos da indústria de alimentos como fontes de compostos para elaboração de materiais, usos de celulose bacteriana em alimentos e embalagens.
Investimento em pesquisa
A presença dos pesquisadores brasileiros na lista dos mais influentes no mundo demonstra a alta qualidade da ciência brasileira e evidencia a importância do investimento em pesquisa.
Para Renata Tonon, “a ciência tem um papel fundamental no crescimento de um país. Somente com ciência de qualidade se produz tecnologia de qualidade”.
Henriette Azeredo alerta que “não tem sido fácil trabalhar em pesquisa científica no Brasil. Aliás, me incomoda e preocupa o fato de sermos apenas 15 brasileiros em uma lista de 6.216 pessoas. Isso é pouco mais de 2%, número irrisório para o tão chamado “país do futuro”. O tal futuro depende de ciência. Culturalmente, foca-se no curto prazo, não se planeja no longo prazo. Nesse contexto, ciência não é considerada importante, porque tem um pé no presente e outro no futuro. Enquanto comemos poeira, vários países têm investido pesado em educação e ciência, e os resultados têm aparecido, claros e sólidos”.
Embrapa
A pesquisadora Henriette considera a empresa “uma joia brasileira e diz que deveria ser tratada como tal. Mas muitas vezes o que esperam da Embrapa é uma mera produção de tecnologia para uso imediato”. “Não se dá importância à geração de conhecimento, fundamental para termos resultados robustos no longo prazo. Além disso, a alta carga burocrática que pesa sobre nós, instituições e pesquisadores, também custa tempo e dinheiro, atrasando ainda mais a pesquisa e desmotivando os pesquisadores”, salienta.
Texto: Vânia Ferreira – Notícias gerais e Canal Rural
Adaptação: Marluce Corrêa Ribeiro