De acordo com o levantamento, nas fazendas, as mulheres ocupam 16% da mão de obra do agro. Em cargos de liderança elas estão ocupando 34% do total.
De acordo com a segunda edição da pesquisa de Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações da Deloitte afirma que o total de mulheres trabalhando em empresas do agronegócio aumentou 13,3% no ano passado.
Apesar do avanço, elas ainda representam apenas 16,2% da força de trabalho ocupada pelo setor, como mostram os resultados apresentados na 7ª Conferência Nacional da Mulher no Agronegócio (CNMA), em São Paulo. O evento conta com o apoio da Associação de Agricultura do Brasil (Abag) e do jornal O Estado de S. Paulo como parceiros de mídia.
O universo do agronegócio é composto por mulheres e homens. A pesquisa mostra que, nas fazendas como profissionais em cargos de liderança são 34% do total – mais do que no universo geral da economia, onde o total de mulheres no topo é de 27%. “Ficamos surpresas com o aumento da representatividade, mesmo ainda sendo muito pequena”, diz Carolina Verginelli, sócia de consultoria da Deloitte.
A sucessão foi um dos fatores que toleraram para o aumento do número de mulheres no agro. As mulheres também estão se destacando na gestão dos negócios familiares e recebendo cada vez mais responsabilidades na condução dos negócios.
De acordo com Deloitte de todos os 21 setores pesquisados o agro é apenas o 19º em representatividade feminina, ou seja, o terceiro mais baixo, depois de indústrias extrativas e construção civil.
O maior obstáculo para a participação das mulheres no setor agrícola é cultural. Do total de 400 entrevistados, 76% disseram que é uma mudança cultural nas organizações agrícolas para que as mulheres tenham mais participação. No entanto, 41% das mulheres que trabalham no setor afirmaram ter sido questionadas quanto à sua capacidade para o trabalho. Isso apesar de haver uma taxa de 9% de trabalhadores altamente qualificados nesse segmento, contra apenas 3% entre os homens.
Angela Castro, líder do programa de diversidade e inclusão da Deloitte, diz “Isso é absurdo, porque nenhuma mulher do agro precisa empurrar trator. Com a tecnologia o trabalho deixou de ser braçal”.
Um levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostra que a maioria das mulheres é contratada como mão de obra permanente nos estabelecimentos agropecuários, mas nem sempre os benefícios são iguais. Além disso, as mulheres do agronegócio ganham menos do que os homens: um valor médio de R$ 1.606 por mês, ante R$ 1.950 dos homens. Outro relato é o alto índice de demissão nos 12 meses seguintes à licença-maternidade, que chega a 35%.
As mulheres estão presentes nas fazendas e na área rural, no entanto suas condições não são tão boas quanto as dos homens.
Para que esse cenário mude, é necessário que a quantidade de mulheres em cargos de liderança aumente. De acordo com a pesquisa 35% das mulheres disseram que não se sente ouvidas nas associações de classe, afirma Carolina que “Quando elas participam, os homens não dão crédito ao que elas dizem. Isso precisa mudar”.
Por isso, a AgroMulher busca unir cada vez mais as mulheres do campo, para que possamos juntas alcançar posições de liderança e promover transformações no setor.
Matéria exclusiva do site Exame: https://exame.com/agro/mulheres-sao-16-da-mao-de-obra-do-agro/amp/