Começa na próxima quarta-feira (10 de junho), o período do vazio sanitário para soja no país e o primeiro estado a adotar a medida é o Paraná. Depois, no dia 15 de junho, o período de vazio sanitário passa a valer para Mato Grosso, Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Santa Catarina
O vazio sanitário é uma estratégia para o manejo de pragas e doenças em culturas como soja, feijão e algodão. Nos períodos de vazio sanitário já vigentes, o destaque é para o da soja, que ocorre entre junho e setembro, variando de acordo com a legislação de cada Estado.
Essa estratégia consiste em um período de ausência de plantas vivas (cultivadas ou voluntárias) nas lavouras. Em cumprimento as normativas estaduais neste período, todas as espécies voluntárias, hospedeiras de pragas-alvo e doenças devem ser destruídas mediante o uso de produtos químicos ou métodos físicos, como a utilização de grade, dentro do prazo estipulado. O (A) produtor (a) que não cumprir o vazio estará sujeito a penalidades como multas. Os estados também têm sanções aos que não seguirem.
Qual o objetivo do vazio sanitário da soja?
O objetivo do vazio sanitário é reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi) durante a entressafra, já que o fungo é biotrófico, ou seja, precisa de um organismo vivo para se desenvolver me multiplicar. Ao eliminarmos as plantas de soja na entressafra, “quebra-se” o ciclo do fungo, reduzindo assim a quantidade de esporos presentes no ambiente.
A medida é então uma estratégia de manejo para reduzir o inóculo nos primeiros plantios, diminuindo a possibilidade de incidência dessa doença no período vegetativo e, consequentemente, reduzindo o número de aplicações de fungicidas e o custo de produção.
Benefícios do vazio sanitário
Dentre os benefícios do vazio sanitário destaca-se a queda na ocorrência da doença e/ou pragas-alvo, o que reduz a necessidade de outros métodos de controle e, consequentemente, acaba sendo uma economia nos custos de produção.
O período de ausência de plantas hospedeiras pode ajudar também na diminuição populacional de outras pragas, como a mosca branca (Bemisia tabaci) e a lagarta Helicoverpa armigera, mesmo apresentando outros hospedeiros principais. Essas pragas têm se tornado grande problema, principalmente a lagarta H. armigera, a qual aumentou consideravelmente sua população na última safra e já tem causado danos econômicos muito elevados.
Fique atento (a) aos períodos de vazio sanitário da soja em cada estado ou região

Mas como manejar a área da lavoura nesse período?
Nesse período em que não se pode ter plantas de soja em campo, a área de produção também não deve ficar vazia. Uma área descoberta tende a gerar problemas com o crescimento de plantas daninhas que dificultarão o controle e aumentarão o custo no início da próxima safra. Além disso, o solo descoberto pode gerar problemas como erosão, compactação e lixiviação de nutrientes, por exemplo.
Diante de todos esses argumentos, entende-se que o mais adequado para esse período de vazio sanitário da soja é a utilização de plantios de culturas de cobertura, adubação verde (leguminosa ou gramínea), gramíneas plantadas anteriormente em consórcio com o milho de 2ª safra (prática comumente realizada) ou até mesmo outra cultura de interesse econômico, desde que essas culturas utilizadas não sejam hospedeiras da doença.
Basta que o (a) produtor (a) conheça as necessidades da sua área, os seus potenciais usos e investimentos, conhecer também o comportamento da cultura em relação às condições climáticas do período na região. Para realizar esse planejamento, o (a) produtor (a) deve consultar um profissional da área para ajudá-lo (a) a planejar esse manejo e, a partir daí, é possível realizar a tomada de decisão mais assertiva para a situação.
Com a realização correta do manejo das plantas daninhas na entressafra e uso do solo de forma planejada e sustentável, o produtor aproveita a sua área de cultivo nesse período e ainda pode melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo para potencializar a produção da próxima safra. Portanto, o período do vazio sanitário, se bem manejado, além de promover a quebra do ciclo de patógenos, mais especificamente do fungo causador da ferrugem asiática, potencializa diversos outros aspectos da capacidade produtiva da lavoura.